Vírus - Avançado

16-11-2010 14:14

 

Os vírus são formados por um agregado de moléculas mantidas unidas por forças secundárias, formando uma estrutura denominada partícula viral. Esta é constituída por diversos componentes estruturais:

  1. Ácido nucléico: molécula portadora do genoma viral.
  2. Capsídeo: envoltório protéico que envolve o material genético dos vírus.
  3. Nucleocapsídeo: estrutura formada pelo capsídeo associado ao ácido nucléico que ele engloba.
  4. Capsômeros: subunidades proteícas (monômeros) que agregadas constituem o capsídeo.
  5. Envelope: membrana rica em lipídios que envolve a partícula viral externamente.
  6. Peplômeros: estruturas proeminentes, geralmente constituídas de glicoproteínas e lipídios, que são encontradas ancoradas ao envelope, expostas na superfície.

O envelope protege o genoma viral contido nele e também possibilita ao vírus identificar as células que ele pode parasitar e, em certos vírus, facilita a sua penetração nas próximas células hospedeiras. Pense numa chave, por exemplo. Cada vírus têm suas chaves, e as células que eles podem invadir são as portas. O vírus não invade as células que ee não tem a chave. O vírus da AIDS, por exemplo, tem a chave do linfócito T CD4+.

Ao contrário das células, que apresentam genoma constituído apenas por DNA, os vírus possuem DNA ou RNA como material genético, e todos os vírus possuem apenas um ou outro no vírion. No entanto, existem vírus que possuem ambos, porém, em estágio diferentes do ciclo reprodutivo. As moléculas de ácido nucléico dos vírus podem ser fita simples ou dupla, linear ou circular, e segmentada ou não. O genoma dos vírus de RNA tem ainda a característica de possuir senso positivo (atua como mRNA funcional no interior das células infectadas) ou senso negativo (serve de molde para uma RNA-polimerase transcrevê-lo dando origem a um mRNA funcional). A quantidade de material genético viral é menor que a da maioria das células. No genoma dos vírus estão contidas todas as informações genéticas necessárias para programar as células hospedeiras, induzindo-as a sintetizar todas as macromoléculas essenciais à replicação do vírus, e a proliferação da doença causada por este.

Devido ao uso da maquinaria das células do hospedeiro, os vírus tornam-se difíceis de se combater. As mais eficientes soluções médicas para as doenças virais são as vacinas para prevenir as infecções, e drogas que tratam os sintomas das infecções virais. Quando as células são atacadas por vírus, o sistema de defesa do organismo parasitado passa a produzir substâncias especificas que combatem o vírus invasor (anticorpos). Isso ocorre porque os vírus são formados por proteínas diferentes das do organismo parasitado. Essas proteínas não são reconhecidas e o organismo combate-as, passando a produzir anticorpos. Assim, caso o microrganismo parasita invada o nosso corpo novamente, reagimos rapidamente e a doença não se instala.

Não existem medicamentos para combater os vírus depois que eles passam a parasitar um organismo. Nesse caso, a pessoa deve se alimentar bem, repousar bastante e esperar que o organismo reaja e produza os anticorpos específicos para destruí-los.

As vacinas são produzidas a partir de microrganismos mortos ou atenuados, ou ainda por toxinas inativadas que eles produzem. Uma vez introduzidos num indivíduo, esses agentes não tem condições de provocar a doença, mas são capazes de estimular o organismo a produzir anticorpos. O indivíduo, então, fica imunizado contra a doença. As vacinas, portanto, são usadas para a prevenção de doenças. É importante notar que uma vacina não cura um organismo já parasitado por um vírus.

A vacina Sabin, por exemplo, usada para prevenir a poliomielite ou paralisia infantil, é feita com vírus causador dessa enfermidade. Só que, ao contrário do vírus normal da doença, o vírus utilizado na vacina é atenuado e não tem condições de atacar o sistema nervoso da pessoa. Porém, como o organismo não diferencia um vírus do outro, ele passa a produzir os anticorpos necessários, imunizando o indivíduo vacinado contra todos os tipos de vírus da poliomielite.

Existe também uma nova classe de drogas que serve como tratamento específico contra determinados vírus, os chamados antivirais, dentre os quais pode-se citar: o aciclovir contra o herpesvírus, a ribavirina contra o vírus da hepatite C, o oseltamivir contra o vírus da gripe, o ritonavir, o indinavir e a zidovudina entre outros contra o vírus da AIDS. Os pacientes freqüentemente pedem antibióticos, que são inúteis contra os vírus, e seu abuso contra infecções virais é uma das causas de resistência antibiótica em bactérias.

Existe também o vírus satélite, uma unidade sub-viral que parasita outros vírus. Não se replicam de forma autônoma, mesmo que exista uma célula hospedeira, ele só consegue adentrar uma célula e replicar com a ajuda de outro vírus, por isso essa estrutura sub-viral é conhecida como satélite, pois ela é encontrada convivendo com outros vírus. Tem formação nucleotídica, circular, e com baixo peso molecular, possui sequência distinta de nucleotídios. Um exemplo é o vírus satélite do mosaico do tabaco que utiliza o vírus mosaico do tabaco para poder se reproduzir.

Existem também os Retrovírus,  também chamados de RNAvírus,  que formam a família Retroviridae e caracterizam-se por terem um genoma constituído por RNA simples.

Por não possuírem DNA (é o DNA que origina o RNA), os retrovírus realizam uma etapa na invasão celular denominada retrotranscrição, através da enzima transcriptase reversa.

O processo de vida dos retrovírus é o seguinte:

  • O vírus é levado (por algum meio) até uma célula compatível
  • Adsorção: O vírus adere à célula hospedeira
  • Injeção: O vírus injeta seu RNA e enzimas virais dentro da célula hospedeira
  • Eclipse: O vírus, através da enzima transcriptase reversa, sintetiza seu DNA a partir do RNA, e liga esse DNA ao da célula hospedeira.
Retrotranscrição viral

O Processo de número I da imagem acima é o processo de retrotranscrição, no qual age a enzima transcriptase reversa, que produz DNA a partir do RNA. Esse DNA se liga ao DNA celular, e começa a comandar a produção de novos RNAs virais (II, o processo de transcrição).

Ainda durante a Eclipse, o DNA celular produz as proteínas e outras substâncias da cápsula viral;

  • Liberação: os novos retrovírus formados dentro da célula hospedeira saem dela. Esse processo pode ser lítico (quando, devido ao grande número de vírus, a célula se rompe) ou lisogênico (os vírus saem da célula sem rompê-la).

 

Procurar no site